Pensamento estratégico – Competitivo X Colaborativo – parte 3
Nos dois artigos anteriores dessa série, apresentei a necessidade de transformação do pensamento estratégico competitivo para o colaborativo. Nesse e no próximo artigo apresentarei as bases da tese de que o factoring colaborativo pode ampliar a oferta de crédito e reduzir as taxas de desconto nas operações de antecipação de recebíveis.
Em diversas atividades desempenhadas na sociedade atual, o pensamento estratégico dominante é o competitivo. Na atividade econômica de concessão de crédito isso não é diferente. Em especial, na antecipação de recebíveis ou factoring comercial, isso é ainda mais evidente.
Empresas de factoring competem em um mercado que além dos atores formais possui atores informais e convive diariamente com dois principais tipos de risco:
• O inerente risco de crédito, que significa a incapacidade do sacado (devedor daquele recebível) e do cedente (responsável solidário) honrar com o compromisso de pagamento na data de seu vencimento;
• O inadmissível risco de fraude, que significa qualquer uma das diversas formas de “vício” a que uma operação de antecipação de recebíveis está sujeita.
Pois bem, a formação dos parâmetros operacionais da antecipação de recebíveis, que simplificadamente são limite de crédito e taxa de desconto (também conhecido como fator de deságio), leva em consideração o custo do capital, a taxa mínima de atratividade e os riscos envolvidos na operação. Quando adicionamos a esses itens a competição entre as empresas de factoring, criamos uma distorção na formação dos parâmetros operacionais para atendermos um determinado cedente, ou seja, começamos a aumentar a exposição ao risco pela redução de taxas ou aumento de limite para “ganhar o cedente”.
Com maior exposição ao risco cria-se uma resistência para redução de taxas, e dessa forma o mercado como um todo opera com taxas médias mais altas, como forma de proteção para a competição que ele mesmo cria.
Outros dois elementos importantes na formação dos parâmetros operacionais da antecipação de recebíveis são:
• A relação entre a oferta e a demanda por crédito. Em mercados com grande oferta de crédito o peso do risco da operação na formação dos parâmetros operacionais diminui, pois o custo do capital tende a ser menor.
No Brasil, onde a oferta de crédito é significativamente menor que a demanda, o peso do risco da operação na formação dos parâmetros operacionais é elevado, pois o custo do capital é maior.
• A segurança jurídica da antecipação de recebíveis, que no Brasil ainda possui grandes oportunidades de melhoria, o que também levaria a potencial redução de taxas.
Isto posto, fica evidente que no Brasil os parâmetros operacionais são formados essencialmente pela composição de diversos elementos com o maior peso no risco que a operação representa. Diferente de outros mercados onde o risco da operação tem peso menor, a oferta de crédito, consequência de um menor custo de capital, passa a ter maior peso.
Assim, os chamados leilões reversos produzem um falso sentimento de redução de taxas, porque levam o cedente a acreditar que está pagando menos por uma operação ao mesmo tempo que alimenta a resistência a redução de taxas no mercado como um todo.
Soma-se a isso o custo da competição entre as factorings. Em algum momento do relacionamento comercial, ele será repassado ao cedente.
Conclusivamente, entendo que o risco de uma determinada operação é o principal elemento na formação dos parâmetros da antecipação e não a oferta de capital do mercado.
Mas isso não responde a principal pergunta:
Como tornar a antecipação de recebíveis a forma de crédito mais justa para provedores e tomadores de crédito?
Para respondê-la devemos ainda responder:
• Como tornar as antecipações mais seguras do ponto de vista da inadimplência?
• Como mitigar a fraude nas operações com recebíveis?
• Como aumentar a oferta de crédito e os limites para as antecipações?
• Como reduzir as taxas de desconto praticadas no mercado como um todo?
No próximo artigo apresentarei as respostas para essas perguntas que a Broadfactor traz há 4 anos para o mercado de recebíveis através de sua plataforma digital de factoring colaborativo.